16 de outubro de 2007

HISTÓRIA DO CAFÉ - Parte Final






À conquista do Mundo
Antes de 1650, os únicos europeus que haviam bebido café eram apenas aqueles que tinham viajado pelo estrangeiro. Ao “Velho Continente” chegavam, pela boca de botânicos e viajantes, relatos sobre a estranha e revigorante bebida. Os mercadores europeus começaram a aperceber-se do potencial do café. Desta forma, os venezianos exploraram a oportunidade de mercado que o café geraria e os primeiros sacos com este, chegam à cidade dos canais no decorrer do século XVII. Contudo, continuavam a ser os árabes, detentores do monopólio da exportação, a produzirem o café. Nenhum grão capaz de germinar podia deixar o país. Entretanto Roma colocava entraves ao café. Apregoava-se o demónio que se escondia na bebida. Na verdade, lutava o clero com uma dúvida teológica - moral. Seria lícito aos cristãos beberem uma bebida maometana? Chamado o Papa Clemente III a veredicto, bastou um pequeno gole para o café ser aprovado e abençoado. Como resistir a tão deliciosa substância. Entram os Holandeses na corrida pelo café e, apercebendo-se da possibilidade do cultivo e comércio do produto, acabam por roubar um cafezeiro em Mocha, levando-o para a Europa. Em 1690 os Holandeses haviam plantado em Java, Sumatra, Timor, Bali, Celebes e Ceilão (actual Sri Lanka), pés de cafezeiro.Um cafezeiro plantado numa estufa em Amesterdão produziu as bagas que seriam introduzidas no Novo Mundo. O jardim botânico de Amesterdão viria a ser conhecido como o “berço universal do café”.
Fecha-se o ciclo
O café chega, ainda no século XVII, a Inglaterra, introduzido por um bispo ortodoxo grego de Esmirna, durante a sua visita a Oxford. Em 1650 é aberto um café naquela localidade. Os estudantes gostaram e recomendaram. Em breve o café tornava-se a bebida de eleição, especialmente em épocas de exames, passando a proliferar os estabelecimentos. Em 1699 os ingleses haviam-se tornado os maiores consumidores de café do mundo ocidental.Em 1714 o burgomestre de Amesterdão presenteou o rei francês Luís XIV com um cafezeiro. Este foi plantado no Jardin dês Plantes, tornando-se no antepassado das plantações francesas na América Central e do Sul . De Clieu um intrépido aventureiro francês, conseguiu em 1723 após sabotagens, tempestades, ataques de piratas; plantar o café no solo de Martinica, nas Antilhas. A fatigada planta agradeceu e, em pouco mais de 50 anos, tinha vasta descendência: 18 milhões de pés de café existiam na ilha.Um dos defensores férreos do café, em França, foi o intelectual Voltaire. Certa vez, admoestado por um abade que lhe dizia ser o café um dos piores venenos, terá afirmado que era o veneno mais lento que conhecia, pois há cinquenta anos que o andava a beber e ainda não tinha morrido.Os holandeses afoitos em paragens mais setentrionais, introduziram o café na América do Norte, em Nova Amesterdão, a actual Nova Iorque. Corria o ano de 1660 e a recente bebida tinha que se impor face ao generalizado consumo de chá. Tem a História algumas curiosidades e também fatalidades. Quando em 1773 o rei Jorge de Inglaterra impôs a obrigação de se pagar impostos sobre o chá, os colonos americanos franziram o senho. Revoltaram-se na conhecida Boston Tea Party e, voltaram-se determinantemente para o café. Deles vêm o hábito de fazer uma pausa no trabalho para degustar um café.A Espanha o café chega no século XVIII, bem como a Portugal.A última fase da jornada do café teve lugar no início do século XX na África Oriental Alemã (actual Quénia e Tanzânia). Os colonos alemães plantaram café nas vertentes do Monte Quénia e no Kilimanjaro, a apenas algumas centenas de quilómetros onde séculos antes, se iniciara a jornada da planta . Por SPG

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