16 de outubro de 2007

A HISTÓRIA DO CAFÉ - Parte 1






Das origens aos nossos dias

A origem do café, como bebida para consumo humano, envolve os factos históricos, nas mais variadas lendas e mitos, percorrendo inúmeras civilizações e tempos. Há quem afirme que o “milho queimado” referido no Antigo Testamento mais não é do que o café que Abigail deu a David e Boaz a Rute. Há, igualmente, quem defenda que a bebida era o “caldo negro” dos Lacedemónios, como eram denominados os Espartanos.Entre as muitas lendas, há uma que se torna recorrente sempre que se alude à origem do café. Trata-se da narrativa de Kaldi, um guardador de cabras da Abissínia (actual Etiópia), em África, que terá notado certo dia uma estranha agitação das suas cabras, após ingerirem as bagas vermelhas de uma planta. Corajosamente, experimentou igualmente os frutos sentindo-se, então, leve e vigoroso. Recorreu a um abade de um mosteiro próximo que, convicto da intervenção do demónio, atirou as bagas para a lareira. Logo se desprendeu das chamas um agradável aroma. O abade acreditou então na criação divina da planta.

O café conquista a Arábia

Ao que parece, no século X, as tribos nómadas etíopes, enfeitiçadas pelas propriedades estimulantes do café, ingeriam-no em pequenos bolos, misturado com gordura animal. Estima-se que o café terá passado da Etiópia para a Arábia por volta de 575/850 d.C. Existem provas do cultivo do café em jardins nos mosteiros do Iémen, no sul da Península Arábica. Na época, fazia-se uma espécie de vinho a partir do sumo fermentado das bagas maduras. Por volta do ano 1000 d.C. a bebida era ainda grosseira. Só por volta do século XIII é que se começa a secar o grão antes da sua utilização. O café começou por ser consumido em cerimónias religiosas, ingerindo-se na mesquita, ou por conselho médico. Contudo, a rápida adesão à bebida expandiu o seu consumo e, por finais do século XV, atinge a cidade santa de Meca. A influência desta urbe em todo o mundo árabe, faz alastrar o consumo do café a outros quadrantes da Arábia, atingindo mesmo o Egipto e a Síria.Por esta altura começa-se, também, a beber café na Pérsia com as cidades a possuírem elegantes cafetarias.

O café chega à Europa.

O hábito do café levou tempo a estender-se à Turquia. Com a expansão do império Otomano os turcos aderiram ao hábito de consumir a negra bebida. As primeiras duas cafetarias de Constantinopla (actual Istambul) foram inauguradas em 1554. O café, na época, também se consumia em casa. Existiam, espalhados pela cidade, pontos de venda, lojas de café e vendedores ambulantes. Foi tal o sucesso da bebida que, barbeiros, mercadores o serviam. Com a oferta elevada aumentou a competição por mais clientes com a consequente aposta nos melhores empregados, nos ambientes sumptuosos. Nesta época o café bebia-se a escaldar, num prato raso.Um dos primeiros revezes que o café sofreu havia de partir do governo de Meca, declarando-o ilegal. Lojas foram queimadas e as cafetarias encerradas. A proibição não foi, contudo, para além das fronteiras da Arábia e depressa o hábito se reintroduziu mesmo nestas paragens.




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